segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Poesia "como nós a folha seca"

como nós a folha seca
autor:Condorcet Aranha
livro: VERSATILIDADE

O vento passa, como tudo nessa vida qual o tempo, é implacável.
Balançam os galhos também as folhas muito secas, como nós já
sem destino.
Perdidas voam, nada falam, nada sentem, pois são folhas e não gente!
Outras folhas vão nascendo em novos galhos como gente, interminável,
Que balançam, mas não caem, estão verdes, confiantes como o
sonho do menino.
Serão maduras como fomos certo dia e muito fortes, mas de
repente!

O vento passa, como tudo nessa vida, vai levando de vencida,
Galhos secos, folhas verdes e sonhos mesmo como aqueles do
menino!
Resseca a vida, rebrotam folhas, folhas que voam como gente
sem destino,
Não são meninos nem galhos secos e, como e sonho, fica esquecida,
Aquela folha que muito sec e presa à vida, não permanece,
Intransigente, em galho verde, parece gente e não aceita, mas de
repente!

O vento passa, como tudo nessa vida sem ter razão se justifica.
Se a folha verde ainda indelével é persistente.
Tão macia e indiferente como a gente, assim, bonita,
É só balança, bem firme ao galho aonde insiste, prepotente,
Em se exibir, como nós a cada dia, enquanto habita,
Esse mundo inconsciente, sem entender, mas de repente!

O vento passa, como tudo nessa vida a folha amassa,
Tira-lhe a cor, da gente o amor, a nos causar destruição.
Se, todo o tempo, brindando à folha o vento passa,
Quebrando galhos ainda verdes, por acaso ou opção,
Não tem sentido nem há perdão, se essa gente que desenlaça
Antes da hora, sem proteção, sem entender e, é quando então,

O vento passa, como tudo nessa vida imprevisível.
o ser mais forte é quem nos leva até a morte, tal como o tempo,
Que quebra o galho, o entendimento, sempre invisível.
Sem se expor lhe tira a dor e tudo mais, deixando o exemplo,
E então, saibamos que a folha frágil, como nós, é destrutível,
Que só passamos, durante um tempo, tal qual o vento.

(pág. 48) ALLPrint Editora. 2008.

Um comentário:

Sereia Noturna disse...

Existem momentos que se tornam eternos... Obrigada professor!