terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

E qual Revolução vamos fazer?

 "E qual Revolução vamos fazer? Eu vou dizer: a revolução de Verdade. Do
ponto de vista político, só há um princípio: a soberania do homem sobre si
mesmo. E a soberania de mim sobre mim mesmo chama-se Liberdade. E aí, onde
duas ou mais destas soberanias se associam, começa o Estado. Nesta
associação, porém, não há renúncia. Cada soberania cede uma certa quantidade
de si mesma para formar o direito comum. E essa quantidade é a mesma para
todos. E esta parcela de concessão, que cada um faz para o bem de todos,
chama-se Igualdade.

A lei comum nada mais é do que a proteção de todos irradiando sobre o
direito de cada um. E a proteção de todos sobre cada um chama-se
Fraternidade. A intersecção de todas as soberanias juntas chama-se
Sociedade.

Fiquemos atentos à igualdade, pois, se a liberdade é o ponto mais alto, a
igualdade é a base. A igualdade, cidadãos, não é toda a vegetação nivelada
por igual, a grama e o carvalho podados a uma mesma altura e -em vizinhança
ciumenta- castrando-se uns aos outros; civilmente, igualdade é permitir que
todas as aptidões tenham a mesma oportunidade; politicamente, é atribuir o
mesmo peso a todos os votos; e em termos de crenças, é admitir que todas as
consciências têm direitos iguais.

A igualdade tem um órgão vital: a educação gratuita e obrigatória. O
direito à alfabetização... é por onde se deve começar. Escola primária
obrigatória e ensino médio disponível para todos. Esta é a lei. É de escolas
iguais que nasce a sociedade igualitária. Sim, ensinar! Luz! Luz! tudo vem
da luz e para ela tudo retorna."

Victor Hugo
França, 1862

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