Fátima Oliveira
Publicado no Jornal O TEMPO em 28/12/2010
No dia 12 passado, a ONU definiu 2011 como Ano Internacional para
Descendentes de Africanos. Para o secretário geral da ONU, Ban
Ki-moon, “o evento pretende reforçar o compromisso político para
erradicar a discriminação a descendentes de africanos, que estão entre
os que mais sofrem com o racismo, além de ter negados seus direitos
básicos à saúde de qualidade e educação em todo o mundo. A iniciativa
também quer promover o respeito à diversidade e herança culturais”.
Pontuou que “a comunidade internacional já afirmou que o tráfico
transatlântico de escravos foi uma tragédia apavorante, não apenas por
causa das barbáries cometidas, mas pelo desrespeito à humanidade”, e
informou que, no centro das atividades da celebração, está Durban 2001
(Declaração e Programa de Ação de Durban, reiterados na Conferência de
Revisão de Durban, em Genebra, em 2009, que insta os governos a
adotarem metas de integração e promoção da equidade racial,
objetivando assegurar, em todos os aspectos, a integração total de
afrodescendentes).
Frisou que “a comunidade internacional não pode aceitar que
comunidades inteiras sejam marginalizadas por causa da sua cor de
pele”. A missão do Brasil na ONU declarou que a celebração do Ano
Internacional para Descendentes de Africanos é “uma ocasião para
chamar atenção para as persistentes desigualdades que ainda afetam
essa parte importante da população brasileira”.
Reproduzo um comentário lapidar em resposta a quem acha a iniciativa
da ONU desnecessária, sob o argumento enviesado de que divide a luta
dos oprimidos: “Entendo a iniciativa como uma política importante de
combate ao racismo. Acredito que os governos ainda fazem pouco para
eliminá-lo. Sem falar que ainda confundem racismo com exclusão social,
com pobreza. Ocorre que entre pobres de todas as raças que são
excluídos e discriminados, aos pobres brancos ainda lhes resta a
branquitude como um bem e um valor nas sociedades racistas como a
nossa. Aos pobres pretos e afrodescendentes em geral, só lhes resta a
vitimização do racismo” (Francisco Aniceto, no Site Lima Coelho,
22.12.2010).
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