ANIMAÇÃO
SOCIOCULTURAL: PRÁXIS E POIESIS
Severino Antônio
O leitor que faz travessias nos
textos desta obra já pressente, desde os primeiros movimentos, que não está em
um campo em que o otimismo da prática se contraporia ao pessimismo da razão,
para lembrar a imagem de Gramsci. Teórica e praticamente os textos pulsam como
experiências de resistência e de esperança, em sua tessitura de múltiplas
vozes, em sua polifonia de sentidos.
Reconhecemos nos relatos, nas
análises e interpretações, uma diversidade de categorias teóricas e metodológicas,
em que se manifestam concepções de educação social, pedagogia social, educação
sociocomunitária e educação popular. Concepções estas que dialogam – com
convergências, contrapontos e complementaridades – nas linhas e entrelinhas dos
ensaios. Essa riqueza dialógica também está presente nas escolhas dos caminhos,
nos métodos de investigação e exposição, em que predominam as pesquisas
participantes e as observações participantes.
A multiplicidade manifesta-se
igualmente nas diversas ações e intervenções educativas e socioculturais, em
que sobressai a unidade da diversidade: o reconhecimento dos sujeitos, das
comunidades e movimentos pesquisados, como sendo produtores de cultura e de
história, protagonistas de suas experiências de emancipação, autores de sua
práxis que, como atividade criadora de sentido, revela-se uma forma de poiesis.
Práxis e poiesis que fazem anamnese
de memórias e saberes populares e de vozes raramente ouvidas ou silenciadas –
no Brasil, em Portugal, em Angola, na Nigéria – e assim trazem novos campos de
possíveis: para o próprio passado, ao evocar suas promessas de transformações
emancipadoras, para o presente e para o futuro a ser criados, como humanização
da história.
(texto de apresentação do Prof. Dr. Severino Antônio, UNISAL, ao V Volume da coletânea de Pedagogia Social - Livro "Animação Sócio-cultural: um propósito da Educação Social; Editora Expressão & Arte)
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