"E qual Revolução vamos fazer? Eu vou dizer: a revolução de Verdade.
Do
ponto de vista político, só há um princípio: a soberania do homem sobre
si
mesmo. E a soberania de mim sobre mim mesmo chama-se Liberdade. E aí,
onde
duas ou mais destas soberanias se associam, começa o Estado.
Nesta
associação, porém, não há renúncia. Cada soberania cede uma certa
quantidade
de si mesma para formar o direito comum. E essa quantidade é a
mesma para
todos. E esta parcela de concessão, que cada um faz para o bem de
todos,
chama-se Igualdade.
A lei comum nada mais é do que a proteção
de todos irradiando sobre o
direito de cada um. E a proteção de todos sobre
cada um chama-se
Fraternidade. A intersecção de todas as soberanias juntas
chama-se
Sociedade.
Fiquemos atentos à igualdade, pois, se a
liberdade é o ponto mais alto, a
igualdade é a base. A igualdade, cidadãos,
não é toda a vegetação nivelada
por igual, a grama e o carvalho podados a uma
mesma altura e -em vizinhança
ciumenta- castrando-se uns aos outros;
civilmente, igualdade é permitir que
todas as aptidões tenham a mesma
oportunidade; politicamente, é atribuir o
mesmo peso a todos os votos; e em
termos de crenças, é admitir que todas as
consciências têm direitos
iguais.
A igualdade tem um órgão vital: a educação gratuita e
obrigatória. O
direito à alfabetização... é por onde se deve começar. Escola
primária
obrigatória e ensino médio disponível para todos. Esta é a lei. É de
escolas
iguais que nasce a sociedade igualitária. Sim, ensinar! Luz! Luz!
tudo vem
da luz e para ela tudo retorna."
Victor Hugo
França,
1862