segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Tempo que foge!

Tempo que foge!
Pr. Ricardo Gondim (http://www.betesda.com.br/)
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui parafrente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou umabacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendoque faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniõesonde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosostentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos esorte.
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei deconferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo.Não vou mais a workshops onde se ensina como converter milhões usando umafórmula de poucos pontos. Não quero que me convidem para eventos de umfim-de-semana com a proposta de abalar o milênio.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos,normas, procedimentos parlamentares e regimentos internos. Não gosto deassembléias ordinárias em que as organizações procuram se proteger eperpetuar através de infindáveis detalhes organizacionais.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar daidade cronológica, são imaturos. Não quero ver os ponteiros do relógioavançando em reuniões de “confrontação”, onde “tiramos fatos à limpo”.Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo desecretário do coral.
Já não tenho tempo para debater vírgulas, detalhes gramaticais sutis, ousobre as diferentes traduções da Bíblia. Não quero ficar explicando porquegosto da Nova Versão Internacional das Escrituras, só porque há um grupo quea considera herética. Minha resposta será curta e delicada: - Gosto, e pontofinal! Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: “As pessoas nãodebatem conteúdos, apenas os rótulos”. Meu tempo tornou-se escasso paradebater rótulos.
Já não tenho tempo para ficar dando explicação aos medianos se estou ou nãoperdendo a fé, porque admiro a poesia do Chico Buarque e do Vinicius deMoraes; a voz da Maria Bethânia; os livros de Machado de Assis, Thomas Mann,Ernest Hemingway e José Lins do Rego.
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muitohumana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não seconsidera eleita para a “última hora”; não foge de sua mortalidade, defendea dignidade dos marginalizados, e deseja andar humildemente com Deus.Caminhar perto dessas pessoas nunca será perda de tempo.
Soli Deo Gloria

Um comentário:

Rua de Terra disse...

Também estou a roer alguns caroços e plantando outros para que germinem e eu ainda consiga roê-los...