quarta-feira, 28 de outubro de 2009

TEOLOGIA DA PROSPERIDADE: UMA FALÁCIA

TEOLOGIA DA PROSPERIDADE: UMA FALÁCIA

Por Pr. Geraldo Nunes Filho
Reitor FNB Faculdade Nazarena do Brasil (www.fnb.edu.br)

Foi desde a década de 40 que a Teologia da Prosperidade (TP) surgiu, mas na década de 70 foi que teve destaque esta teologia. Mas o que é a Teologia da
Prosperidade? Segundo Maurício Mendonça é “um conjunto de princípios que afirmam que o cristão verdadeiro tem o direito de obter a felicidade integral, e de
exigi-la, ainda durante a vida presente sobre a terra. Bastando para isso que tenha confiança incondicional em Jesus. “Seu desenvolvimento foi gradual desde a década
de 1940.
Vejamos: Esse William Kenyon (Nova York, EUA, 1867). Ex-pastor das igrejas batista, metodista e pentecostal, influenciado por idéias de seitas cristãs/metafísicas, desenvolveu estudos que entre outras coisas tratava de: poder da mente, a inexistência das doenças e o poder do pensamento positivo.
Kenneth Hagin (Texas, EUA, 1918) - Discípulo de Kenyon. Sofreu várias enfermidades e pobreza na juventude; Aos 16 anos diz ter recebido uma revelação quando lia Mc 11.23,24, entendendo que tudo se pode obter de Deus, desde que confesse em voz alta, nunca duvidando da obtenção da resposta, mesmo que as evidências indiquem o contrário. Isso é a essência da "Confissão Positiva". Foi pastor da igreja batista; da Assembléia de Deus, em seguida passou por várias igrejas pentecostais, e, finalmente, fundou sua própria igreja, aos 30 anos, fundando o Instituto Bíblico Rhema. As idéias de Hagin que levaram ao estabelecimento da teologia da prosperidade podem ser divididas em três pontos principais:

1) Autoridade Espiritual

Segundo K. Hagin, Deus tem dado autoridade (unção) a profetas nos dias atuais, como seus porta-vozes. Ele diz que "recebe revelações diretamente do Senhor"; "...Dou graças a Deus pela unção de profeta...Reconheço que se trata de uma unção diferente...é a mesma unção, multiplicada cerca de cem vezes" (Hagin, Compreendendo a Unção, p. 7).

2) Bênçãos e Maldições da lei
K.Hagin diz, com base em Gl 3.13,14, que fomos libertos da maldição da lei, que são: 1) Pobreza; 2) doença e 3) morte espiritual. Ele toma emprestadas as maldições de Dt 28 contra os israelitas que pecassem. Segundo essa doutrina, o cristão tem direito a saúde e riqueza; diante disso, doença e pobreza são maldições da lei. Eles ensinam que "todo cristão deve esperar viver uma vida plena, isenta de doenças" e viver de 70 a 80 anos, sem dor ou sofrimento. Quem ficar doente é porque não reivindica seus direitos ou não tem fé. E não há exceções. Pregam que Is. 53.4,5 é algo absoluto. Fomos sarados e não existe mais doença para o crente. Os seguidores
de Hagin enfatizam muito que o crente deve ter carro novo, casa nova própria, as melhores roupas, uma vida de luxo.

3. Confissão Positiva
É o terceiro ponto da teologia da prosperidade. Ela está incluída na "fórmula da fé", que Hagin diz ter recebido diretamente de Jesus, que lhe apareceu e mandou escrever de 1 a 4, a "fórmula". Se alguém deseja receber algo de Jesus, basta segui-la:

a) "Diga a coisa" positiva ou negativamente, tudo depende do indivíduo. “De acordo com o que o indivíduo quiser, ele receberá”. Essa é a essência da confissão positiva.
b) "Faça a coisa". "Seus atos derrotam-no ou lhe dão vitória. De acordo com sua ação, você será impedido ou receberá"
c) "Receba a coisa". Compete a “nós a conexão com o dínamo do céu”. A fé é o pino da
tomada. Basta conectá-lo.
d) "“Conte a coisa” a fim de que outros também possam crer”. Para fazer a "confissão
positiva", o cristão dever usar as expressões: exijo, decreto, declaro, determino,
reivindico, em lugar de dizer: peço, rogo, suplico; jamais dizer: "se for da tua vontade", pois isto destrói a fé.”1

(1) A Teologia da Prosperidade, Mauricio Mendonça – publicado no site: http://www.espirito.org.br
(2) Renato Cavallera. Entrevista publicado no site – http://noticias.gospelmais.com.br

É interessante notar que os adeptos deste movimento teológico começam a fugir da apologética doutrinária. Por exemplo, o tão conhecido Bispo Dedini da IURD (hoje na Igreja Mundial do Poder de Deus - IMPD) afirmou em uma entrevista que esta doutrina é demoníaca. Ele disse: “Penso que os líderes evangélicos deveriam se unir e dar um basta nesses ensinos. A teologia da prosperidade bateu no fundo do poço e já deveria haver uma conscientização de muitos líderes acerca disso. Todos que optam por esse caminho ficam satisfeitos apenas em ir bem financeiramente, não ter sofrimento de nenhum tipo. Querem ficar independentes, achando que não precisam de mais nada. Os pregadores da prosperidade não têm contato com o povo e não enxergam isso, porque são pobres, cegos, miseráveis e estão nus. O homem não tem que ditar regras a Deus e dizer a ele como e a que horas fazer o milagre” O Bispo Dedini ainda disse que quem crê na “teologia da prosperidade é como construir um castelo na areia ou fazer um gigante com pés de barro – mais cedo ou mais tarde, tudo cairá.”2

Ele afirma isto com muita propriedade e com maturidade teológica. Ele, que durante algumas décadas esteve à frente da apologia desta linha teológica que a meu ver veio trazer mais problemas nas cabeças dos crentes que bênçãos, tem a coragem de assumir o compromisso de dizer que esta doutrina é demoníaca.

O fato é que ainda hoje, vemos certa “fumaça teológica” que tem sido assoprada por alguns interesseiros que com desejo de desfrutar das benesses deste movimento teológico tentam fazer com que a doutrina da prosperidade seja a “bola da vez” na igreja evangélica brasileira.

O que me deixa desesperado diante do quadro da igreja brasileira é a sua inércia diante da fundamentação bíblica. É uma igreja que não se preocupa em se preparar para a volta de Cristo. É uma igreja idólatra de princípios humanos de vida. É uma igreja alheia a uma teologia bíblica. Uma igreja analfabeta que aceita qualquer mensagem, de qualquer pseudo-pregador.

O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística constataram no último censo de 2006 que os evangélicos são os que mais contribuem com a sua religião, mas são os mais pobres do país. E o que isto nos traz à mente? A TP não funciona. E fico pensando: onde estão os responsáveis de trazer à igreja esta heresia? Quem são eles? E em pesquisa encontrei detalhes da vida de cada um e como terminaram suas vidas. Vejam: E. W. Kennyon faleceu vitima de um tumor maligno, John Wimber e seu filho Chris morreram de câncer, A . A. Allen morreu de alcoolismo, John Lake morreu de um colapso, Gordon Lindsey morreu do coração, O cunhado de Kenneth Haigin morreu de câncer, O mesmo aconteceu à sua irmã, Sua esposa foi operada e o próprio Haigin usou óculos até morrer, Kathryn Khulmann morreu do coração, Daisy Osborne morreu de câncer, jurando que havia sido curada, Jamie Buckingham morreu de câncer, Fred Price conseguiu uma quimioterapia para a sua esposa, John Osteen procurou ajuda médica para curar o câncer da esposa, A esposa de Charles Capps fez tratamento médico de câncer e também Joyce Meyer, Mack Timberlake está se tratando de um câncer na garganta, R. W. Shambach fez quatro pontes safenas, O Profeta Keith Greyton morreu de AIDS3.

3 Material da pesquisadora de religiões Mary Schultz mostrando como terminaram alguns dos grandes pregadores da prosperidade e da saúde perfeita. Publicado no site: http://www.cacp.org.br.
É claro que não quero, nestes meus comentários, ser ferino, ou mesmo manchar a
imagem de qualquer homem ou mulher que tem contribuído para a divulgação do Reino de
Deus. O que quero é levar aos membros desta crescente igreja brasileira a pensar mais, ler mais a Bíblia, refletir mais, conhecer mais a história, ser mais sensível à voz de Deus para que não seja envolvido em situações que comprometer a sã doutrina.

Meu maior propósito neste ensaio é dizer aos meus leitores algumas coisas:

1. A TP pregada em nossos dias é uma teologia de ricos para pobres.
2. A TP pregada em nossos dias é uma barganha entre os que aparentemente tem
poder e os que estão sem poder.
3. A TP pregada em nossos templos hoje é uma panacéia que diz o que a Bíblia não
diz.
4. A TP trouxe à igreja de Jesus Cristo um ambiente de decepção. Tem muita gente
decepcionada com as ofertas mercadológicas do cristianismo pós-moderno.
5. A TP tirou o conceito terapêutico que foi implantado pelo Senhor há dois mil anos. A igreja que era a única instituição que passava credibilidade perdeu sua identidade.
6. A TP fez uma incontável multidão de gente que hoje desacredita em qualquer
palavra que se diga espiritual Precisamos novamente re-evangelizar a igreja. Ela se
torna hoje nosso mais premente campo missionário.

Quero concluir afirmando do fundo do meu coração: O problema não está em motivar pessoas a melhorarem de vida e de situação econômica. Realmente não existe nada de errado em querer ter uma vida melhor. Fica difícil aceitar quando esta melhora seja desejada apenas para impressionar aqueles que não têm o mesmo. Por vaidade e com certeza desprezando a nossa responsabilidade social que à igreja é dada.

Não vou dizer mais nada. Mas quero que leiam estes textos sagrados:

“A vós que aborreceis o bem, e amais o mal, que arrancais a pele de cima deles, e
a sua carne de cima dos seus ossos, que comeis a carne do meu povo, e lhes arrancais a pele, e lhes esmiuçais os ossos, e os repartis como para a panela, e como carne do meio do caldeirão. ENTÃO CLAMARÃO AO SENHOR, MAS ELE NÃO OS OUVIRÁ, antes esconderá deles a sua face naquele tempo, visto que eles fizeram mal nas suas obras.” - Miquéias 3:2-4.

“Chegar-me-ei a vós para juízo, e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros
e contra os adúlteros, e contra os que juram falsamente, e contra os que
defraudam o trabalhador, e pervertem o direito da viúva, e do órfão, e do
estrangeiro, e não me temem, diz o Senhor dos Exércitos.” - Malaquias 3:5

“Semeai para vós em justiça, ceifai o fruto do constante amor, e lavrai o campo de
lavoura, porque é tempo de buscar ao Senhor, até que venha e chova a justiça
sobre vós.” - Oséias 10:12

“Não vos enganeis: Deus não se deixa escarnecer. Tudo que o homem semear,
isso também ceifará (...). E não nos cansemos de fazer o bem, pois a seu tempo
ceifaremos, se não houvermos desfalecido. Então, enquanto temos oportunidade,
façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé" - Gálatas 6:7,9-10

“Não vos esqueçais de fazer o bem e de repartir com outros, pois com tais
sacrifícios Deus se agrada” - Hb.13:16

“Porque, como a terra produz os seus renovos, e como o jardim faz brotar o que
nele se semeia assim o Senhor Deus fará brotar a retidão e o louvor perante todas
as nações.” - Isaías 61:11

O que Deus quer é que cada um de nós abençoemos aqueles que precisam. Aqueles
que tem menos ou nada. É anti-cristão acumularmos riquezas em nossas mãos para nosso bel prazer.

Vamos refletir?

Um comentário:

odair disse...

boa tarde, silvana.
Dez. Todos os que estão investindo em educação e na valorização do "ser brasileiro e brasileira" gostam do novo, da inovação e da leitura...
continue motivada